A masturbação da dor

É duro dizer isto mas os recentes acontecimentos na Ásia foram uma notícia formidável para os órgãos de comunicação social. Esta tragédia deu à comunicação social mais um opurtunidade para explorar a dor e o sofrimento humano, para inundar os jornais e televisões de imagens sórdidas, de bebés mortos a boiar sobre a água imunda, de mães a chorar desesperadamente a morte dos seus filhos ou de montes de mortos amontoados com vivos ao lado a tentar indentificá-los, e a tudo isto eles chamam de "imagens eventualmente chocantes". Aliás, essa frase já se tornou num frase de grande êxito comercial, já estou a imaginar os jornais e as televisões daqui a uns tempos com slogans do género: "Venham ver a nossa última imagem eventualmente chocante, uma criança mutilada no Quénia por uma tribo rival". E para colmatar, para colocar a cereja no topo do bolo, para deixar o leitor ávido por essa imagem, eis que surge a brilhante frase "Não aconselhável a pessoas sensíveis". Magnífico golpe de marketing. Após pungentes slogans, nenhum leitor vai resistir a dar um olhadela na imagem, a ouvir a história, a comprar o jornal.

Nota: o título "masturbação da dor" foi retirado por mim do blog abrupto.